Porquê falar de coisas velhas, de ti a mim, da tua tristeza ao meu esquecer, da tua procura à minha partida, do teu interesse ao meu fantasma? Enfado-me, afasto-me, não posso ouvir falar de nós quando nunca tal aconteceu, não quero ouvir falar de futuros possíveis quando as folhas já levadas pelo vento assobiam o frio do final da tarde e me recolho a casa a olhar a noite a caír o que já me escureceu há muito. Não mais, disse eu. Não te quero mais, não ouviram?
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Vi-te passar, olhares para mim, parares. A tua hesitação em falares de coisa antiga foi a minha certeza. Não te quero falar, nem ouvir. Não te quero nada. Quero seguir. Porque quando te vi não te vi, nada senti, eras uma mancha que eu esfreguei até ficar tudo limpo de novo. A tua hesitação é já um outro caminho, o meu uma certeza. Não se cruzam, não voltam, não se enlaçam.
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©opyright Escritos Nefastos, Maria Manuel Gonzaga, 2009-2016