Vou ao jardim e sento-me no nosso banco. Como se algum dia tivesse sido nosso, e chamo nosso o que nunca passou de mim e do meu desejo. Faço de mim e da tua imagem desejada um plural imaginado. Sento-me no nosso banco de jardim, no nosso jardim, faz muito calor mas permaneço mesmo que o lugar esteja frio e desocupado.
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Um dia não vieste, e depois dois dias, e a seguir esqueceste-te. Pediste desculpa. Disseste que tinhas muitas coisas para fazer. Eu disse que não tinha importância, tu sorriste, foste embora mais cedo. Vi-te passar mais tarde com uma outra. Não sei porquê, nem me doeu. Mas imaginei-te sentado no nosso banco de jardim com ela, a contar as mesmas aventuras que me contaste para me fazer rir e chorei sem sentir dor nenhuma.
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©opyright Escritos Nefastos, Maria Manuel Gonzaga, 2009-2016