Agora não tenho medo e não sei se isso é bom. Mas não me interessa. Não sinto receio de perder este amor, confio nele todos os dias porque o sinto grande todos os dias. O futuro é que é sempre o medo e eu não quero saber de amanhãs nem de incertezas nem de grandezas que hão-de chegar ou não. Quero ter este amor hoje, confiante e belo, perto do meu peito porque é agora que ele está junto a mim e me olha e me beija e eu nada temo.
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Nada temas, disse ele, e por uma qualquer razão sem razão nenhuma dos homens eu acreditei. Porque tenho de acreditar e já enterrei o meu coração uma vez e o voltei a por dentro do peito, não podendo falecer de novo a este amor que não me deixa tão pouco ir nem ficar. Não temo, disse eu, e sem razão porque no amor não tem de havê-las, confiei.
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Um sopro de vida ou o renascimento foi o que recebi naquele beijo. Não importa a quantidade de vida, tão mais importante sentir o sangue nas veias e os olhos a verem o mundo, a sentir-me feliz e com dor, risos e lágrimas, tudo como deve ser. O beijo, um toque encantado. E depois outro e ainda mais um, gotas de alma para me manterem alimentada. Nada lhe disse, deixei que os lábios colhessem em silêncio o que não sei contar em palavras. Ele retribuiu com outro beijo.
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©opyright Escritos Nefastos, Maria Manuel Gonzaga, 2009-2016