Como é diferente amar e ter amor. Tão estranho amar e não ter mágoas e não sentir dúvidas e ao mesmo tempo suspeitar e perguntar porquê eu no meio de tantas, que terei eu de especial. E ainda assim, olhar no espelho e ver brilhar e dizer com as palmas atiradas à imagem, eu sou tão especial, amo e sou amada, sem mais nada que não eu, porque sou eu, e se outra fosse não haveria este amor tão raro e especial.
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Este foi um beijo de beijo dado. De beijo recebido. De olhos abertos para ter certezas no beijo de olhos fechados. Um beijo de paixão, um beijo de certezas no amor duvidoso, um beijo-sim, um beijo-afinal, um beijo-verdade. Este foi o beijo que não dei e que sonhei por tantas noites, o treinado, o imaginado. Mas foi muito mais que isso, porque foi a surpresa do momento, a vontade minha e dele sem mais ninguém no peito que nós dois, foi a minha liberdade finalmente a desejar, sou eu a beijar.
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Aprender a amar, disse-me ele, e ofereceu-me outra flor. Quase todos os dias me dá uma flor, diz-me que sou como a natureza e como ela devo ser brindada com todas as cores e perfumes. É fácil gostar dele, estar com ele, mas não sei se é um novo amor. Talvez me tenha habituado a amores difíceis ou apenas amores imaginados em que desenhamos tudo para parecer um príncipe encantado porque sabemos que este não existe. O mal é de mim, só pode ser, que tenho o que quero e só me acho defeitos para não ter o que posso.
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©opyright Escritos Nefastos, Maria Manuel Gonzaga, 2009-2016