Abro os olhos e a luz magoa-me, mas reconheço o teu cheiro até nesta minha morte. Porque morreste também? Ouço a tua voz, sinto a tua mão no meu rosto, os teus braços a ampararem-me, gente ao redor. Que aconteceu? Nem na morte podemos ficar apenas os dois? Um desmaio dizes-me tu. Que vergonha.
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Aproximaste-te e à medida dos teus passos perto, mais eu ficava longe como se mãos invisíveis me agarrassem e me puxassem para um escuro longínquo. Depois entrei num poço, quería gritar mas não tinha voz, quería ver mas estava cega e tudo tinha desaparecido. Tanto que quis morrer que aconteceu. Logo agora que caminhaste na minha direcção.
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Vejo-te. Nem sequer estás muito longe de mim. Quase te alcanço, mas não sei se tenho vontade, ou se acho forças dentro do meu peito para fazer bater o meu coração, e depois voltar a perder-te, voltar a perder este ardor que já conheci. Melhor deixar ir-te, se calhar és apenas uma mentira como este dia de Abril.
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©opyright Escritos Nefastos, Maria Manuel Gonzaga, 2009-2016